Bolsa de Seguros de Arzila
Em 1520, ou talvez no ano anterior, foi instituído em Arzila um fundo coletivo destinado à reparação dos prejuízos com a guerra, e mais precisamente ao pagamento dos cavalos que os portugueses perdessem durante as operações militares que constantemente empreendiam contra os mouros.
A iniciativa parece ter partido do governador daquela praça de guerra, D. João Coutinho (2º Conde de Redondo). O fundo era constituído por 20.000 reais da fazenda real (quantia que estava nos contos, isto é, que constituíam um encargo permanente do Estado), e pelas contribuições anuais de um tostão (100 reais) por morador e 10 cruzados (4.000 reais) pagos por ele, governador da praça.
Temos conhecimento dessa instituição por Bernardo Rodrigues que, nos seus “Anais de Arzila” conta que “…a primeira vez que a Bolsa funcionou foi para pagar o cavalo que os mouros levaram a um soldado de nome João Martins quando ele, na companhia de outros portugueses, nadava nas águas do rio Doce, nas cercanias da cidade.”
Mas a bolsa não foi longe. Confiados nela, os soldados amantes da caça submetiam os seus cavalos a desnecessários esforços, o que era muito censurado pelos que não tinham o vício da caça e sentiam que estavam a pagar riscos alheios.
Fonte
“A Companhia de Seguros Bonança – Notícia Histórica” de José Hermano Saraiva
Legenda da imagem com pormenor
Foto: Arquivo Círculo Leitores, extraída do livro “História da Arte Portuguesa” – Volume I
Pormenor da Tapeçaria de Pastrana “O Desembarque”. Cortada na parte inferior, identifica-se o rei D. Afonso V e o príncipe D. João a caminho dos muros de Arzila. As duas figuras encontram-se devidamente identificadas e destacadas, seja na riqueza das armaduras, seja na coroa que cinge o capacete do rei.
“História da Arte Portuguesa” – Volume I, Direcção de Paulo Pereira, Círculo de Leitores (1995)